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São muitos os desafios relacionados à formação leitora de estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Ensino Médio. Isso porque, em todos níveis do Transtorno, há, principalmente, prejuízos para a compreensão de figuras de linguagem (BREGMAN, 2005), as quais estão profundamente presentes em diversos gêneros textuais e na comunicação em geral. Nesse mesmo sentido, alunos com TEA tendem a interpretar os discursos de modo literal e a ter dificuldades em ler e relacionar o conteúdo lido com a realidade (RANDI et al., 2010). Com base nisso, esta pesquisa, de cunho qualitativo, tem como objetivo principal investigar a trajetória escolar de um estudante com TEA no que tange a sua formação enquanto leitor. Como objetivos específicos, tenciona identificar possíveis aspectos de diferentes textos que acarretem dificuldade de compreensão pelo educando. Por fim, visa elaborar estratégias pedagógicas que auxiliem docentes de Língua Portuguesa/Literatura no processo de formação leitora de estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Ensino Médio. Para tanto, por meio de um estudo de caso, com o intuito de coletar diferentes prismas acerca da trajetória leitora e escolar de um estudante com TEA, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com: a) um educando no espectro, do Ensino Médio Técnico do IFRS - Campus Feliz; b) sua mãe; c) duas de suas professoras de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental (8° e 9° ano) e d) sua docente do 1° e 2° ano, de Língua Portuguesa, do Ensino Médio Técnico. Realizou-se, ainda, observações de aulas de Língua Portuguesa atuais do estudante, que está no 3° ano Ensino Médio Técnico, para verificar de que modo tal aluno com TEA interage nos diálogos e atividades propostas sobre leitura. Por fim, de modo a complementar as observações, também foi aplicado um questionário com essa professora de participante das observações - o que auxiliou na construção de percepções sobre as principais dificuldades e potencialidades quanto à leitura e interpretação do aluno. Como aporte teórico multidisciplinar, baseou-se em pesquisadores da área da educação inclusiva, como Maria Teresa Eglér Mantoan (2017), legislações sobre a educação especial e TEA, além de em teorias sobre leitura, letramento, acessibilidade, formação leitora e do texto, principalmente de Emilio Sánchez Miguel et al. (2012), Vilson José Leffa (1996 a,b), Angela Kleiman (2004; 2005), Celso Ferrarezi Jr. e Robson Carvalho (2017) e Ingedore Koch (2002). Como resultados principais, a partir da análise de conteúdo dos dados (BARDIN, 2016), notou-se que o estudante com TEA apresenta dificuldades com a compreensão de figuras de linguagem e realização da leitura interpretativa e inferencial (FERRAREZI JR; CARVALHO, 2017). Apesar disso, é um aluno-leitor, que teve contato com diversas metodologias e textos em sua trajetória escolar no contexto de Língua Portuguesa. Ao lado do incentivo familiar, isso possivelmente colaborou para a sua constituição leitora (SILVA, 2011). Ao final deste estudo, elaborou-se 14 Estratégias Pedagógicas Inclusivas (EPIs) para auxiliar docentes, nas aulas de Língua Portuguesa/Literatura, a contribuírem para a formação leitora e do letramento de estudantes com TEA, possibilitando, assim, que interpretem textos com maior efetividade. Ainda como resultado, evidencia-se a criação de um site para divulgar as EPIs traçadas, de modo que elas possam ser compartilhadas institucionalmente e alcancem um número considerável de educadores. Assim, cada professor/a poderá utilizá-las, adaptando-as de acordo com o perfil de seu/sua estudante, tendo em vista, também, o nível da Educação Básica no qual se encontra a/o discente com TEA. |
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