A elevação das vogais médias átonas em sílaba final sem coda na fala de informantes da cidade de Feliz - RS

Abstract

A elevação das vogais médias átonas finais (bol[u] para bolo, film[i] para filme) é um fenômeno praticamente categórico na maior parte do país (CAMARA Jr, 2015), porém, em algumas regiões, ainda é variável. No presente estudo, analisamos, sob a perspectiva da Teoria Variacionista, as vogais médias átonas finais sem coda na comunidade de Coqueiral, localizada na cidade de Feliz – RS, pertencente ao Vale do Caí, região de colonização alemã. Em trabalhos como os de Link (2015), Mileski (2013), Silva (2009), Vieira (1994) e Schmitt (1987), vemos que há comunidades bilíngues – caso de nossa comunidade em estudo – que costumam preservar as vogais médias. Assim, nossa expectativa era de que o mesmo fosse comprovado em nossa pesquisa. Nossas hipóteses linguísticas foram as de que contextos precedente e seguinte têm relevância para acontecer a elevação e vogal alta favorece a elevação das vogais médias estudadas; enquanto nossas hipóteses extralinguísticas foram de que pessoas mais novas e com mais escolaridade elevam mais e o sexo feminino também aplica a regra de elevação com maior frequência. Para verificar essas questões, realizamos entrevistas com oito informantes selecionados considerando as variáveis extralinguísticas gênero, escolaridade e faixa etária. Após concluída a etapa de entrevistas, fizemos o levantamento dos dados e os codificamos para então submetê-los à análise estatística no programa computacional RBrul. Os nossos resultados comprovam que o índice de elevação das vogais em posição átona final é baixo em Coqueiral; que, para /e/, somente coronal [-ant] no contexto seguinte favorece a elevação, à medida que contexto precedente e vogal não favorecem, apresentando índices abaixo ou perto do ponto neutro; e que, para /o/, nenhuma das variáveis linguísticas analisadas parecem influenciar na elevação das vogais. As variáveis extralinguísticas também têm resultados baixos de elevação, não confirmando nossas hipóteses. Nossa pesquisa nos permitiu comprovar que, no português falado na comunidade em estudo, as vogais médias são muito mais preservadas do que elevadas e a mudança linguística está ocorrendo muito lentamente.