A influência do viés otimista na tomada de decisão

Abstract

Estudos recentes na área do comportamento do consumidor mostram que a tomada de decisão muitas vezes possui erros sistemáticos. O ser humano, que em geral tende a se autoavaliar como racional, é muito mais otimista do que realista. Com base nisso, seria possível manipular formas de exposição de certas situações no intuito de se obter desfechos diferentes. Este trabalho tem como objetivo identificar e avaliar o impacto do viés otimista na vida das pessoas e mensurar se a deliberação pode influenciar a tomada de decisão. Além disso, analisar possíveis ligações entre ansiedade, estresse e ilusão de superioridade. A fim de alcançar tais objetivos, foram realizados dois estudos: o primeiro sendo uma pesquisa (do tipo survey) online aplicada pelas redes sociais e o segundo, um experimento realizado em laboratório, proporcionando duas condições, uma com deliberação e outra sem deliberação. O experimento foi realizado com os alunos do IFRS ? Campus Feliz. Os resultados do estudo 1 mostraram que, a partir de uma regressão múltipla, as variáveis estresse e gênero influenciam significativamente na variável otimismo (p<0,001 e R²=0,4074) e que existe uma correlação moderada entre as variáveis otimismo e estresse (r=0,5919). Os resultados do estudo 2 mostraram, a partir de uma regressão múltipla, que a variável ansiedade influencia significativamente na variável otimismo (p<0,001 e R²= 0,4769); verificou-se também que existe uma correlação entre as variáveis otimismo e estresse (p=0,01 e r=582), otimismo e ansiedade (p=0,001 e r=0,558). Comparando as médias das variáveis utilizadas em relação ao experimento com as condições: com e sem deliberação, verificou-se que existe uma diferença significativa entre o otimismo e as duas condições (p<0,0001). As demais variáveis (satisfação, ilusão de superioridade, estresse e ansiedade não há existência de uma diferença significativa entre as duas condições. Comparando os dois estudos verificou-se que ilusão de superioridade (p=0,003), otimismo (p=0,016) e ansiedade (p<0,001) tem diferença significativa entre a pesquisa e o experimento. A partir da análise da amostra pode-se concluir, dentro do universo amostral, que os indivíduos tem ilusão de superioridade, otimismo e ansiedade, independente do tipo de pesquisa.