Desafios da docência na educação infantil durante a pandemia : um estudo de caso em uma escola municipal de educação infantil

Abstract

Com a chegada da pandemia de Covid-19 em 2020, as aulas foram suspensas e o isolamento social foi proposto às pressas como tentativa de controle do vírus altamente contagioso. Professoras e professores correram contra o tempo para retomarem as aulas rapidamente, de início através do ensino remoto, que era pouco utilizado em âmbito educacional. É neste cenário que se insere este estudo, com o objetivo de compreender os principais desafios que a pandemia trouxe para o trabalho docente na educação infantil e como os discursos de reinvenção e adaptação agem no cotidiano docente. Os discursos neoliberais destacam a flexibilidade, a adaptação e a reinvenção dos professores, os quais foram incitados a tal reinvenção. Partindo dessa perspectiva, foi necessário analisar os impactos que o isolamento causou às professoras, com o intuito de problematizar a reinvenção do ensino a partir do formato remoto proposto como alternativa de emergência; além disso, foi fundamental identificar quais foram as estratégias utilizadas durante o formato remoto e, por fim, verificar como o ensino remoto alterou a rotina das professoras de educação infantil. O percurso teórico-metodológico teve como instrumento para coleta de dados a escrita narrativa com quatro professoras que atuaram na educação infantil durante o ano de 2020, além de mobilizar autores como Böttcher (2020), Passeggi, Nascimento e Oliveira (2016) nos estudos sobre o desafio da docência, para a análise dos dados, utilizamos os estudos de Bardin acerca da análise de conteúdo. As entrevistadas apontam, em suas narrativas, que, dentre os principais desafios, estiveram a adaptação ao ensino remoto, que surgiu de forma inesperada e fez com que as salas de aulas fossem parar dentro das casas de professores e alunos; o aprimoramento no uso das tecnologias, que antes eram pouco utilizadas; e, por fim, a docência 24 horas por dia, onde professores precisavam estar o tempo todo disponível para a escola, para os pais e para os alunos, o que acarretou sobrecarga e adoecimento dessas profissionais.